Duas iniciativas na
categoria mestre e um na grupo formal foram contempladas no Prêmio Culturas
Populares 2018 – edição Selma do Coco, do Ministério da Cultura.
em Lages/SC
📷 Divulgação / Matakiterani |
Dentre as 2.227
iniciativas culturais populares inscritas de todos os estados brasileiros e
Distrito Federal, a Rede de Sabedoria Popular, ação da Associação Cultural
Matakiterani, teve três de quatro inscrições premiadas. Duas na categoria
mestre e outra na grupo formal. O resultado final da seleção de contemplados no
6º Prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura, foi publicado no Diário
Oficial da União nesta semana.
Miguel Antunes de
Freitas, o Mestre Mimi, e Sebastião Aldori Silva de Oliveira, Seu Sebastião dos
Balaios e a Associação Cultural Matakiterani foram premiados e cada um devem
receber R$ 20 mil para dar continuidade as ações em suas comunidades. No total,
500 propostas foram premiadas em todo o Brasil. O investimento será de R$10
milhões em prêmios.
Além dos contemplados da
Rede de Sabedoria Popular, foi aprovada outra iniciativa de Lages, a do grupo
de teatro Menestrel Faze-Dô.
O mestre da dança do
urubu
Miguel
Antunes de Freitas, 74 anos, conhecido como mestre Mimi, é contador de causos.
Criado com os avós na zona rural da Serra Catarinense, foi pinante de tropa,
agregado de fazenda e operador de serra fita em serraria. Ao se aposentar,
passou a dedicar seu tempo em transmitir seus saberes para os mais jovens por
meio das ações promovidas pela Associação Cultural Matakiterani. Nessas
atividades recupera da infância a "Dança do Urubu", uma brincadeira
ensinada por seu avó, conhecido como Pai Grande. Trabalha especialmente com
alunos do ensino fundamental, contando causos, revivendo costumes e tradições
antigas, além de ensinar a dança do urubu.
Balaieiro
mantém a cultura indígena
Seu
Sebastião é artesão e taipeiro. Aprendeu a trançar fibras na casa dos avós na
Coxilha Rica. Ele aproveitava restos de material para aprender. De tanto
insistir, sensibilizou a avó, que o ensinou a técnica. Trança fibras há 35 anos
e atua politicamente em movimentos de artesãos e da economia solidária.
Atualmente, é dos poucos balaieiros ainda em atividade na Serra Catarinense,
mantendo a herança cultural indígena de produção de peças como balaios, cestos,
peneiras e esteiras.
Vivências criativas de
tradição oral na escola
São
ações de diálogo dos saberes formais e informais, mediados por atividades
denominadas vivências criativas de tradição oral, na qual os facilitadores da
Matakiterani acompanham os mestres de tradição oral em visitas na escola. As
atividades duram de 20 a 30 minutos por turma utilizando recursos da pedagogia
griô e da educação biocêntrica para a fruição e reinvenção dos saberes
tradicionais. Esse trabalho gera novos produtos utilizando linguagens
artísticas como teatro, contação de histórias, audiovisual e literatura. Todo o
processo é pactuado entre as partes numa construção dialógica de saberes,
constituindo laços afetivos e um ambiente de confiança mútua para o
desenvolvimento dos trabalho.